
ZONAS COSTEIRAS
Praias - Dunas - Lagoas - Mangues - Ilhas
As zonas costeiras apresentam um amplo conjunto de possibilidades para atividades ao ar livre, desde um simples banho de mar ou cachoeira, até atividades que exigem preparo e planejamento como caminhadas e acampamento, canoagem, mergulho, observação de fauna e pesca.
Praias e dunas têm funções importantes nos ecossistemas costeiros e a flora e fauna que vivem nesses locais apresentam grande adaptação à superfície pouco agregada da areia e à salinidade. As praias arenosas e abertas também são ecossistemas produtivos e não devem ser considerados desertos. Na verdade, são áreas de transição entre o oceano e a terra firme. Suas areias abrigam várias espécies de crustáceos, como os siris e a rica e pouco conhecida fauna bentônica, que vive enterrada na areia. Até mesmo a arrebentação das ondas é habitat de certas famílias de peixes.
As dunas preservam nichos ecológicos e são um filtro natural que atua na regularização e distribuição de água subterrânea. A vegetação que ocorre sobre as dunas, além de fixá-las, colabora de modo intenso na captação dessa água e está perfeitamente adaptada ao ambiente arenoso. Algumas espécies apresentam caule subterrâneo e um intrincado sistema de raízes que fixam a planta à areia e extraem sua alimentação desse ambiente pobre em nutrientes. Os arbustos contribuem com o sombreamento que diminui a evaporação da água e também são locais de moradia e reprodução de várias espécies de aves e pequenos répteis e roedores.
Lagoas costeiras, baías e mangues são regiões de grande importância para os peixes e crustáceos, por constituírem locais de refúgio, reprodução, criatório e fonte de nutrientes para a fauna subaquática e anfíbia. Os mangues desenvolvem-se em planícies inundáveis onde as águas dos rios misturam-se com as do mar. Muitas espécies de aves e mamíferos também frequentam esses locais em busca da alimentação farta que proporcionam.
Ilhas, principalmente as mais distantes, são ecossistemas únicos e altamente especializados, ou seja, muitas espécies que ali se desenvolveram apresentam características únicas, adaptadas à condição de um local isolado. Essa condição também torna esses locais bem mais suscetíveis a mudanças causadas pela ação humana, pela escassa condição de reposição natural.
O rico e variado ambiente das zonas costeiras também conta com uma antiga ocupação humana, que no Brasil remonta há pelo menos 5 mil anos. Os principais testemunhos dos primeiros seres humanos que habitaram a costa são os sambaquis, também conhecidos por casqueiros ou concheiros. São elevações artificiais de forma arredondada compostas por sucessivos depósitos de conchas, restos de peixe, antigos restos de fogueiras e esqueletos de pessoas que ali eram enterradas. Alguns artefatos rudimentares também podem ser encontrados nos sambaquis, que são valiosa fonte de informação arqueológica. Os sambaquis também podem ser encontrados no interior do país, mas são mais frequentes na costa, desde o litoral do Pará até o Rio Grande do Sul.
As condições históricas da colonização do território brasileiro pelos europeus privilegiaram a ocupação desse mesmo litoral que atualmente apresenta uma das maiores taxas de urbanização do nosso país. O intenso processo de urbanização e as pressões econômicas colaboram também para a progressiva diminuição das comunidades de pescadores artesanais, representantes de culturas ligadas à pesca e ao modo de vida tradicional de nosso litoral, que apresenta influências indígenas, negras e portuguesas em maior ou menor grau, dependendo de sua localização.
Praias urbanas e extensos trechos do litoral percorridos por estradas que correm paralelas às praias podem ser encontrados ao longo de toda a costa. Em muitos locais, o litoral é agredido por grandes quantidades de sedimentos carregados pelos rios assoreados e poluídos por esgoto industrial e doméstico. Os locais isolados, com características naturais e selvagens, estão cada vez mais escassos e merecem atenção especial toda vez que passamos por eles.